Identificada alguma alteração das mamas que possam sugerir a existência de um câncer de mama, antes de se definir o tipo de tratamento se faz necessário confirmar o diagnóstico de câncer de mama, o que é feito a partir da biópsia.
No blog post de hoje a Dra. Danielle Miyamoto conversa com Jacqueline Stefano sobre a biópsia da mama. Este bate papo é um recorte da participação da Dra. Danielle no programa Nosso Programa, onde foram abordados os fatores ambientais e comportamentais relacionados ao câncer de mama. A Dra. Danielle Miyamoto é mastologista, ginecologista e obstetra formada pela Unicamp, USP e Instituto Europeu de Oncologia. Ela atende pacientes de ginecologia, obstetrícia e mastologia na clínica AKTA Liv localizada na Vila Mariana, em SP, e também por telemedicina.
Jacqueline Stefano – Quando é feita a biópsia já possível definir o tratamento caso seja constatada a presença de câncer de mama?
Dra. Danielle Miyamoto – As biópsias feitas por agulha grossa fornecem material suficiente para determinar o tipo de câncer e, através desta informação, definir o tipo de tratamento para o câncer de mama.
A biópsia da mama é um exame para o diagnóstico do câncer de mama, no qual é utilizada uma agulha grande para recolher amostras de tecido mamário, geralmente de um nódulo. Este tecido será avaliado em laboratório para a confirmação da presença de células cancerígenas.
Existem procedimentos diferentes para a biópsia da mama, como:
- Biópsia de fragmento – retirada de alguns milímetros de tecido mamários para exame. Este procedimento não requer anestesia e pode ser realizado no consultório médico.
- Biópsia cirúrgica – quase sempre feita sob anestesia geral e permite a remoção completa do nódulo.
- Mamotomia – feita sob anestesia local em clinica de radiologia e retira-se até 1,5cm3 de tecido para avaliação.
- Biópsia cirúrgica orientada – técnica feita em conjunto com mamografia ou ultrassonografia através da aplicação prévia de um fio metálico na região biopsiada.
Jacqueline Stefano – Eu queria falar sobre duas coisas – uma delas é a importância do diagnóstico precoce e, a outra, é sobre a expectativa de vida nos dias de hoje e o impacto disso na escolha do tratamento.
Dra. Danielle Miyamoto – O diagnóstico precoce é providencial porque é pego na fase em que a mulher ainda não tem sintomas. A lesão aparece no exame e pode ser uma calcificação de milímetros, o que permite que seja feita uma cirurgia pequena, que não vai causar problema estético e afetar a autoestima da paciente e, às vezes, nem de quimioterapia vai precisar. Então o tratamento fica menor e mais simples e as chances de cura aumentam.
Jacqueline Stefano – A chance de cura do câncer de mama é alta mesmo se não for feito o diagnóstico precoce?
Dra. Danielle Miyamoto – Existe uma vasta gama de tratamento para o câncer de mama, tanto quimioterápicos, guiados por hormônio, imunoterapia, e também a cirurgia. Mesmo que o câncer de mama tenha sido descoberto como um nódulo palpável também tem chance de cura. Só precisa tratar e completar o tratamento, que pode ficar um pouquinho mais extenso nestes casos.
Jacqueline Stefano – A mulher muitas vezes está tão preocupada com toda a família, com todos os afazeres, que ela por vezes chega a perceber que alguma coisa mudou no corpo mas, por medo de um diagnóstico, ela vai deixando para depois. A gente sempre fala que o homem demora mais para procurar o médico do que a mulher. Agora, chega uma fase que a mulher vai deixando de lado e o atraso desse diagnóstico poderia ter sido fundamental até mesmo para ela pudesse ter um tratamento mais rápido.
Dra. Danielle Miyamoto – Muitas vezes a correria do dia a dia faz com que a mulher passe tempos sem fazer o acompanhamento. Às vezes ela percebe alguma coisa mas acha que não é nada e deixa de investigar. Mas mesmo nestes casos, ainda é possível tratar o câncer de mama e trazer qualidade de vida para a paciente, e é possível curar o câncer de mama na maioria dos casos. Há ainda muitas casos em que o câncer está presente em alguns órgãos e a mulher vive como se tivessem uma doença crônica, como a hipertensão ou a diabetes. Normalmente a vida continua e elas vivem por muitos anos. Portanto o câncer de mama não é uma sentença de morte.
Jacqueline Stefano – No caso de mulheres mais velhas diagnosticadas com câncer de mama mas que tem outros problemas de saúde, como problema de pressão arterial ou diabetes – elas devem tratar o câncer de mama ou não?
Dra. Danielle Miyamoto – Primeiro tem que analisar todo o conjunto. Levar em consideração o quão ativa é a paciente, se ela precisa de auxilio na rotina diária, se as comorbidades estão controladas. E, estando tudo bem controlado, o mastologista vai avaliar o melhor tratamento pra ela. Estas considerações valem inclusive para o rastreamento através da mamografia. Não tem uma idade limite para parar de fazer rastreamento. Então o mastologista sempre vai avaliar se a mulher for ativa, viver bem e tiver condição de tolerar o tratamento.
Jacqueline Stefano – Em quais os casos a mulher pode voltar a ter novamente o câncer de mama depois do tratamento?
Dra. Danielle Miyamoto – O risco depende do estágio em que a doença estava quando foi descoberto o tumor, quanto tempo demorou para começar o tratamento e também do tipo de tumor. Tumores mais agressivos têm maior chance de recorrência.
Depois que é feita a cirurgia, são feitos os primeiros retornos pós operatórios, o acompanhamento multidisciplinar com médico mastologista, médico oncologista, médico radiologista, acompanhamento psicológico, etc.
Jacqueline Stefano – E quais são os fatores comportamentais mais são importantes após o tratamento?
Dra. Danielle Miyamoto – Em primeiro lugar a paciente vai ter que fazer uma reflexão quanto ao estilo de vida que ela levava. Considerar a alimentação, pratica de atividades físicas, trabalho, etc. Muitas mulheres conseguem manter as atividades do dia a dia mesmo durante o tratamento. Mas depois do tratamento é feito um trabalho de reabilitação para que a mulher volte a fazer todas as atividades normalmente.
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A Dra. Danielle Miyamoto atende no Centro Integrado AKTA Liv, convenientemente localizado na Vila Mariana (São Paulo). Ela é médica mastologista formada pela USP e ginecologista e obstetra formada pela UNICAMP, com título de especialista nas duas áreas (CRM: 156030, RQE Ginecologia e Obstetrícia: 69083, RQE Mastologia: 73739).
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